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A lata do emigra

Vivendo em Londres, eu, como estrangeira que sou, deparo-me com todo o tipo de estrangeirada que para aqui anda. Sendo esta cidade das com mais afluência para nós, emigras, é vê-los aos magotes todos os dias. São indianos, são chineses, são europeus por toda a parte – sim, europeus e não ingleses, já que estes consideram não fazer parte da Europa dada a sua importância no globo. Estamos cá todos ao molho e muito bem recebidos que somos, de nada nos podemos queixar. Não há cá chatices do ‘não falas inglês como nós, aqui não entras’. Melhor ou pior inglês, desde que façamos bem aquilo que pregamos (dependendo da área, certamente) temos trabalho e é tudo malta porreira sempre pronta para os copos. Mas isto é post para outras núpcias.


Estava eu a dizer que esta cidade está a abarrotar de estrangeirada. E se há coisa que os ingleses não fazem é estar constantemente a corrigir-nos pelos pontapés na gramática ou pronunciação quando não sabemos uma palavrita ou outra. Pelo contrário, são muito compreensivos e acham-nos fantásticos porque falamos mais do que uma língua, com um sotaque mais ou menos aceitável.  Agora há o ser simpático e o tolerar tudo e mais alguma coisa. Dentro da estrangeirada como eu, há os chamados chicos-espertos que acham que não precisam de se esforçar minimamente para falar a língua do país em que se encontram. E aí vêm as comichões. Claro está que estes Inglesinhos não notam nada e acham tudo engraçado porque são uns amores de primeira e, lá está, já nos acham umas criaturas maravilhosas pelo simples facto de falarmos duas línguas. Mas não consigo deixar de notar a quantidade de ditos chicos-espertos que não fazem qualquer tentativa para dizer o nome de uma pessoa como deve ser. Ora bolas, estamos em Londres é normal que a maioria das pessoas tenha nomes ingleses. Pois mais normal ainda é o facto de, muito provavelmente, estes nomes existirem todos no nosso próprio país, em que os pronunciamos de maneira diferente. Mas porque raio insistem estas almas em chamar aos pequenos o nome que eles têm no seu país? Porquê, pessoas? É awkward, é parvo e mostra uma grande falta de interesse e vontade em querer ser incluído  Então se o homem se chama John, vou chamá-lo de João só porque no meu país assim se faz? Haja paciência! Ainda que muitas vezes tenhamos que lidar com o oposto – o meu nome é Mariana e não conheço ninguém que o diga correctamente, é ‘Maryanne’, ‘Maryanna’, entre outros. Azar! Aguento-me à bronca e eu própria já me intitulo ‘Maryanna’ para evitar as 3 perguntas seguintes que serão à volta do ‘What? Come again? Maryanne?’, e por aí. Mas é a vida! Eles não têm tanta facilidade em pronunciar os nossos nomes e estão no direito deles uma vez que somos nós quem se mudou e não o contrário! Depois vêm dizer 'ah e tal porque os espanhóis não fazem o esforço para falar português quando vão a Portugal'. POIS! 


E pronto, foi o primeiro desabafo de emigra, assim em português só por causa das coisas. Emigras, façam lá o jeitinho e chamem as pessoas pelos nomes e não o que vos soa melhor. Tem graça uma ou outra vez mas passado umas quantas já só é parvo.

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