Sendo que é Segunda-feira e não me apetece mexer um dedinho que seja, dediquei-me a procurar uns blogues portugueses para desanuviar e mudar de registo. Qual não é o meu espanto quando, duas horas depois, continuo colada ao ecrã a ler comentários longos e gloriosos de seguidores amorosos que se dedicam ao desaforo gratuito e ao criticismo sem fim. Principalmente nos blogs d'A Pipoca Mais Doce e d'O Arrumadinho - dois bloggers casados, famosos e com pilhas de graça. Não sei se são mais atacados por serem de facto Marido e Mulher ou se por tocarem em pontos mais propícios a discussão que outros. Não me venham dizer que só são atacados porque têm uma visibilidade maior porque há milhentos blogues internacionais mais famosos e com mais seguidores que não têm uma lista de 78 comentários - todos negativos, pessimistas, maldosos e que só dão vontade de rir. Vá, estou a ser má, dos 78 há 8 que não enxuvalham os autores, autores estes que segundo os seus leitores são arrogantes, convencidos, que sabem tudo sobre tudo, que têm uma sorte louca porque têm um blog que os sustenta enquanto eu, pobre coitado leitor, ando aqui a contar tostões.
Olha que graça. É que até parece que o jornalismo sempre deu rios de dinheiro. Que sempre foi uma profissão super bem paga, que toda a gente faz com uma perna às costas. Onde?! Não é em Portugal certamente. Lembro-me perfeitamente de estar a preencher aquela folha com as opções para a faculdade e de pôr Ciências da Comunicação em último lugar. Sabendo bem que provavelmente entraria numa das duas primeiras e se não, numa das duas a seguir. E não digo isto cheia de orgulho - não era nenhuma medicina ou nada assim de especial -, mas porque parte de mim queria mesmo era entrar na última e assim não tinha desculpas e podia ir para jornalismo. Mas não, o 'querer ir para fora' e o 'querer viver bem' falaram mais alto (ás vezes até gritavam, de tanta gente que dizia ao mesmo tempo!). Claro que podia ter seguido jornalismo. E claro que agora até podia ter um granda trabalho. Mas provavelmente seria em Portugal, sendo que é muito difícil ser-se jornalista numa língua que não a materna. E provavelmente não seria assim tão bem pago, sendo que as coisas não estão fáceis e acabaram de despedir 140 colaboradores do Diário de Notícias.
Mas voltando ao assunto, não consigo deixar de me indignar quando leio dezenas de comentários de pessoas que dizem que O Arrumadinho é um arrogante porque diz que tem a sorte de trabalhar como jornalista na Sábado e que A Pipoca é uma fútil porque agora só põe posts comerciais e usa roupas de marca. Olha que esta! Ah e mais, dizem isto tudo no blog d'O Arrumadinho, porque ele e a Pipoca são um só, unidos com um cordão umbilical daqueles que nem a tesoura da cozinha lhes vale, então toca de infestar o blog do homem com comentários a dizer que a sua mulher agora usa roupas de marca, que provavelmente nem são dela, só para ganhar dinheiro.
Se eles já devem ser engraçados num dia normal, hoje então só espero que se estejam a rir as gargalhadas desta novela ridícula ao jantar. O mais giro é o facto destas pessoas se darem ao trabalho de ir, comentar, responder e voltar a responder. Sempre com argumentos fortíssimos claro. Mas se não gostam, para quê? Para quê perder tempo a ler e comentar coisas de que não se gosta?
Eu não lia O Arrumadinho até hoje mas leio A Pipoca e rio-me como se não houvesse amanhã. Se prefiro os posts em que Ela desata num pranto sobre tudo e sobre nada, em que critica os vestidos dos Óscares com uma graça que só ela, em que me põe a par das desgraças das Fannys e das Lucianas desta vida, prefiro. Se não presto tanta atenção aos cremes XPTO e aos prémios se fizermos isto ou aquilo, não. Mas para isso inventaram o scroll down, amigos. Rodinha impecável no meio de rato que faz milagres, dizem por aí!
E eu? E eu também estou para aqui a criticar os leitores venenosos e com muito tempo livre. Mas não me macem, ao menos estou no meu e não no dos outros!